Sob pressão de todos os lados, os deputados estaduais precisarão decidir nos próximos dias como irão se posicionar em relação ao pacote de medidas de reestruturação do Estado apresentado pelo governador José Ivo Sartori para equilibrar as finanças públicas. O próprio governador fez ontem um veemente apelo aos parlamentares para que pensem no Rio Grande, sem se deixar influenciar por pressões de corporações de servidores e sindicalistas. Diante das dimensões da crise enfrentada pelo setor público gaúcho, esse é o momento de defender os interesses do conjunto da população, não os de segmentos específicos.
A decisão em relação às medidas é inadiável, mas não será tomada com facilidade, como fica evidenciado nas reações registradas até agora. Cerca de 600 intelectuais e líderes sindicais, por exemplo, divulgaram manifesto pedindo a rejeição das medidas e propondo alternativas. Entre as propostas, há uma que pode até implicar aumento de impostos – a sugestão de mudança na matriz tributária – e outra que precisa ser bem avaliada para garantir os resultados esperados – a revisão da política de incentivos fiscais. De outro lado, entidades empresariais uniram-se em defesa da aprovação do pacote.
Neste ambiente marcado por conflitos de interesses, os parlamentares precisam demonstrar a coragem exigida para o enfrentamento de uma crise em meio à qual o setor público sequer consegue manter o pagamento dos salários dos servidores em dia, muito menos garantir serviços de qualidade. O momento é de ouvir todas as manifestações sobre as mudanças propostas e de ponderar sobre elas, mas acima de tudo de manter o compromisso com o Rio Grande. Isso significa que os parlamentares precisam optar pelo caminho mais sintonizado com os interesses da população, que é o baseado numa estrutura administrativa mais enxuta e menos onerosa.