Enquanto as canções de Natal apregoam paz na Terra e milhões de seres humanos praticam a solidariedade, indivíduos movidos pelo ódio praticam crimes bárbaros, como o assassinato do embaixador russo na Turquia e o arremesso de um caminhão sobre a multidão em Berlim. Nos dois casos, pessoas movidas pelo fanatismo e por rancores nacionalistas transformam-se em protagonistas da barbárie, provocando morte e sofrimento para outros seres humanos que sequer conhecem.
O terrorismo é o ódio com história. Não resulta unicamente da loucura e do instinto assassino desses agentes, mas, sim, de um desejo de vingança insanamente cultuado para ser exercido contra inocentes. O assassino do embaixador russo gritava palavras de ordem contra a ação dos soviéticos em Aleppo, na Síria, outra barbárie absolutamente injustificável. No episódio alemão, que ainda está sendo investigado, repete-se o ocorrido em julho na cidade francesa de Nice, o uso por terroristas de recursos não convencionais para semear a morte e o medo. O aspecto mais cruel, no caso, é a suspeita manifestada pela própria chanceler Angela Merkel de que o crime possa ter sido praticado por um refugiado que encontrou asilo e proteção na Alemanha.
Diante de fatos tão desconcertantes, percebe-se que só a montagem de grandes esquemas de segurança sempre será insuficiente para conter o ódio superdimensionado. Por isso, nesta virada de ano, renova-se o desafio para lideranças mundiais de todas as nações: como prevenir esse sentimento destruidor que nos reduz como seres humanos e como estimular a cooperação internacional e a solução de conflitos por meios democráticos e civilizados.