É difícil fazer um balanço de 2016. A incerteza foi uma constante em um ano que, mesmo em seus últimos dias, insiste em não acabar. Ainda que a sensação seja predominantemente amarga, não são poucos os sinais que nos permitem ter esperança no futuro.
O Brasil passou a enfrentar seus problemas com uma resolução raramente vista. Da luta contra a corrupção, passando pela queda do governo até os debates pela reforma do Estado, o apoio da sociedade tem se mostrado fundamental para que as mudanças de fato aconteçam.
Temos vivido tempos de decisões difíceis, nas quais as encruzilhadas se sucedem e não há espaço para errar ou para mostras de demagogia. Roberto Campos já professava que o mundo seria salvo antes pelos eficientes do que pelos caridosos. O ajuste não é exclusivo do governo, e o setor privado viu tristemente milhões de pessoas perderem o emprego. As mudanças no serviço público geram uma animosidade maior e, por vezes, a violência pretende se impor sobre a democracia.
O barulho, contudo, não consegue abafar a realidade. Os recursos dos pagadores de impostos nunca serão suficientes para sustentar as corporações que passaram a dominar o Estado. O debate, então, mais do que sobre medidas isoladas, aborda a própria essência da nossa sociedade. Afinal, vivemos para servir ao Estado, ou é este que existe para servir à sociedade? Os votos proferidos por nossos representantes eleitos determinarão a resposta. Cada voto em direção à viabilidade fiscal, à redução da burocracia e ao foco do Estado nos serviços essenciais é um voto que admite a soberania do povo sobre o Estado. Por outro lado, cada voto contra o enxugamento da máquina é um voto no caminho da servidão.
Apesar da insistência de 2016, o ano está efetivamente acabando. Entretanto, não nos encaminhamos apenas para um novo ano, mas também para um novo ciclo. Feliz 2017!