Com a morte de Fidel Castro, extingue-se também um modelo político que já vinha sendo substituído gradativamente em Cuba pelo pragmatismo da abertura comandada por seu irmão Raúl. Ainda assim, muitas das mudanças implantadas há mais de cinco décadas persistiam romanticamente associadas à figura mitológica do comandante da revolução socialista que derrubou o ditador Fulgêncio Batista, em 1959.
Desde então, o líder cubano impôs um regime de opressão ao povo da ilha caribenha e desafiou o capitalismo, representado principalmente pela superpotência vizinha, os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, tornou real uma experiência de sociedade baseada no igualitarismo, com conquistas inegáveis nas áreas da educação e da saúde. Hoje, esses avanços se mostram cada vez mais prejudicados pela deterioração acelerada de uma economia que não tem como se manter isolada indefinidamente.
Em boa parte de seus 90 anos de vida, o personagem visto por uns como ditador e por outros como líder revolucionário atuou como protagonista não apenas da história cubana, mas da América Latina e até mesmo de países africanos. Nessa trajetória polêmica, marcada por desrespeito aos direitos humanos e à atuação da imprensa independente, acabou comprovando uma verdade insofismável: a de que não pode haver igualdade sem liberdade.