Peter Blake, artista que fez a capa de disco mais famosa de todos os tempos, a do Sgt Peppers, dos Beatles, recebeu 250 libras pela sua criação. Recentemente, só o esboço da capa foi vendido por 55 mil libras em um leilão. A fórmula da Coca Cola foi vendida por US$ 1.750 depois de ter dado prejuízo no primeiro ano de operação. Quanto vale hoje? E eu poderia citar centenas de casos como estes para mostrar como é difícil precificar uma ideia quando ela ainda está mais perto da gênese do que da história.
Mas, queiram ou não, aceitem ou não, é disso que vivemos na indústria da comunicação criativa: saber valorar as ideias na gênese. Reconhecer quando estamos diante de uma grande e transformadora ideia, daquelas que irão mudar o rumo de um negócio, o ciclo de um produto, o share de um mercado ou a vida de uma empresa, e saber quanto e como cobrar por ela. Não é fácil, porque nesta equação há dois valores que deveriam ser umbilicalmente ligados: o tamanho do resultado da ideia para quem compra e o tamanho do resultado da ideia para quem vende. Porque, como diria meu amigo e guru Dado Schneider, qualidade e preço é o smoking e o convite do baile de gala, mas não garantem que você vai beijar alguém. É a ideia que faz isso. E é por isso que nada supera a força de uma boa ideia. Quando a gente espreme a burocracia, as reuniões intermináveis, os processos, os medos, as inseguranças e até mesmo o balanço financeiro, é a boa ideia que sobra. Porque você pode comprar uma página, pode comprar 30" na TV, pode comprar uma placa na estrada ou um banner na internet, mas não consegue comprar o tempo e a atenção do consumidor, mesmo que tenha a maior verba do mundo. Isso, novamente, é a ideia que faz.
Vivemos uma conjunção de crises econômica, política e social. Estamos diante de mais uma mudança de era com a chegada da realidade aumentada e do big data. E eu espero que seu planejamento para 2017 (que eu tenho certeza que você revisa quinzenalmente, porque o quadro está mesmo imprevisível) tenha um lugar especial para a criatividade que move os negócios, aquela que é o motor da lucratividade, aquela que inspira, puxa pra cima e pra frente a sua empresa, a sua equipe e o seu EBITDA. Esta será a sua melhor ideia, e quem vai pagar por ela é o seu concorrente, em espaço no mercado e lembrança do consumidor.