Cinco pessoas foram executadas em Alvorada na noite da última quarta-feira com sinais de tortura e crueldade. Quatro corpos foram encontrados decapitados no interior de um veículo e um quinto foi achado com algemas nos pulsos e suspeita de castração. As execuções se inserem no contexto de barbáries frequentes, que vem ocorrendo na Região Metropolitana de Porto Alegre, a maioria resultantes da guerra entre traficantes de drogas. Em meio ao morticínio de delinquentes, não é incomum que pessoas inocentes também sejam atingidas, como no caso do empresário morto por engano no estacionamento de um supermercado e da mulher ferida por bala perdida numa execução ocorrida nesta semana, nas proximidades da Estação Rodoviária da Capital.
Por mais que os justiceiros de redes sociais vibrem com a morte de delinquentes, a estratégia do extermínio não serve a ninguém – até mesmo porque multiplica o ódio e o desejo de vingança, que acabam gerando novos episódios violentos. Nem todos os mortos têm extensa ficha criminal, como as que foram divulgadas pela polícia sobre os quatro decapitados. Além disso, os decapitadores saem livres e fortalecidos pela própria crueldade, que invariavelmente os torna mais respeitados no universo da delinquência.
Qualquer pessoa sensata concorda que crime se combate com Justiça, e não com outros crimes. Porém, numa sociedade em que a impunidade prevalece, as leis são brandas e condescendentes com os criminosos, as penas são leves e frequentemente interrompidas pelas benesses da progressão continuada, a falta de vagas no sistema prisional facilita a soltura dos facínoras, não há como estranhar que uma quantidade cada vez maior de cidadãos aplauda a barbárie como forma de punição.