As três tecnologias mais transformadoras e com maior penetração na história foram o fogo, a roda e o smartphone. Isso se considerarmos que o smartphone é mesmo uma tecnologia. Para mim, não é.
O mobile não é um equipamento, não é um dispositivo, não é nem mesmo uma tecnologia. Mobile é, simplesmente, o ser humano. Sempre fomos e sempre seremos este ser que se movimenta, que se expande e se aglutina segundo seus interesses sociais. Agora podemos exercer esse comportamento sem nos deslocarmos fisicamente, mas é só isso. Ou melhor: é tudo isso. Porque isto muda tudo. O celular nos dá o mundo na mão, mas também nos faz estender menos a mão no mundo real. A tecnologia nos dá tudo ao alcance, mas qual deve ser o alcance da tecnologia?
Pela onipresença do celular em nossas vidas, tudo ficou mais perto e mais rápido. Somando o fim das fronteiras com o crescimento da velocidade, há uma nítida sensação de que vivemos o período de maior transformação da história. É comum, em qualquer área de atuação, alguém dizer ou escrever que nunca se viu uma era de mudanças como esta.
Pensando nisso, veja se você concorda com esta definição de um futurólogo: "Nós não apenas ampliamos o escopo e a escala das mudanças, nós alteramos radicalmente o seu ritmo. Liberamos uma força social totalmente nova em nosso tempo – um fluxo de mudanças tão acelerado que influencia nossa sensação de tempo, revoluciona o ritmo da vida cotidiana e afeta a forma como sentimos o mundo ao nosso redor". Seria uma bela síntese dos tempos atuais, não? No entanto, há um pequeno problema: o pensador se chama Alvin Toffler e o texto está no livro O Choque do Futuro, lançando em 1970. Como é possível que alguém tenha traduzido o mundo de hoje quando tudo que pretendia era contar como era o mundo há quase 40 anos?
Somos e seremos sempre contemporâneos de um mundo que muda e se transforma. A diferença é que agora, com o celular, esta mudança está nas nossas mãos como nunca antes.
É só isso. Mas isso é tudo.