A necessidade de profundas reformas no Estado brasileiro não é um assunto novo. Há muitos anos sendo evitadas, impõem-se agora pelos fatos. Chegamos, afinal, a um ponto insustentável. A dívida do país aumentou drasticamente com o descontrole dos gastos do governo, e a economia segue em recessão. Ainda assim, a população não pode contar sequer com os serviços mais fundamentais de forma minimamente adequada.
A mudança gera desconforto por natureza. Os vários anos de má alocação de recursos criaram uma zona de conforto para a estrutura construída às custas do dinheiro dos impostos e levou parte da população a acreditar em duas falácias. A primeira é que a intervenção estatal ajudaria as pessoas. A segunda, consequência da primeira, é que, com mais recursos, o Estado poderia fazer mais. A verdade, contudo, passa longe. A intervenção estatal restringe a concorrência, aumentado os preços para o consumidor, que, além de arcar com uma exorbitante carga tributária, inadvertidamente lega a seus filhos e netos uma dívida impagável. A má qualidade do gasto, por outro lado, faz com que nenhuma arrecadação seja suficiente e apenas mantenha-se vivo o gigantismo da máquina estatal.
Finalmente, começamos a ver uma mudança na tendência. A verdade, ainda que seja dura somente para alguns, é que um país livre gera mais desenvolvimento para a sociedade como um todo e que o aparato estatal terá, necessariamente, que ser reduzido para ser melhor. A questão não é cortar os serviços próprios do Estado, mas os que nunca deveriam ter sido colocados sob sua tutela.
Mais não é necessariamente melhor, e colocar o cidadão e não as corporações no centro do debate será fundamental para repensarmos a qualidade dos investimentos em segurança, saúde e educação.
Se formos contra algo tão singelo quanto a disciplina fiscal, estaremos condenando a ideia de um Brasil melhor a tornar-se tão somente uma doce ilusão.