Em nosso mundo, tudo parece andar mais rápido. Tudo é feito hoje mais rápido do que antes. Tudo se acelera e muda. Uma coisa, contudo, anda mais lenta e essencialmente igual no tocante aos meios com os quais é realizada: a formação de pessoas. Nunca foi tão demorado formar gente quanto em nosso tempo e temos mesmo de falar em educação por toda a vida! É isso, formar gente anda mais lento porque gente não mudou muito nos últimos 70 mil anos, mas o mundo em que vivem as pessoas ficou muito mais complexo. E agora elas precisam se adaptar a essa complexidade e isso toma tempo, mais tempo do que nunca. Depende, contudo, ainda e fundamentalmente do trabalho de outras pessoas. E, no nosso sistema de ensino, depende do professor.
Gente aprende é com gente e para ensinar gente é preciso gente. Num mundo em que as máquinas vão realizar o trabalho de muitos, as chances de a computadorização tirar o emprego dos professores tendem a zero. Algo como 4 numa escala de 0 a 100, conforme um estudo de Oxford. A razão para isso é que a profissão exige uma heurística humana, quer dizer, a capacidade, que nos é típica, de solucionar problemas por meios aproximativos, avaliativos, intuitivos e calibrados por resultados empíricos e não por algoritmos exatos, o que está na base da dificuldade de realizar a tarefa por via inteiramente computacional.
O tipo de interação que é preciso haver entre pessoas para que a educação dê os seus melhores resultados demanda muito do professor. Ele facilita os meios de aprendizagem, serve de exemplo e acomoda os afetos que se desarranjam ou amadurecem no processo. Ele tem de ser, portanto, o centro gravitacional da educação e da escola. Não tem sido. E nenhuma mudança no ensino vai chegar aos alunos se não puder ser entregue por um professor. Por isso, nenhuma reforma dará conta da tarefa de melhorar a educação sem melhorar a formação e a carreira dos professores. A lição é velha, mas parece estar nos faltando professor para que a aprendamos de vez.