Nós, gaúchos, somos famosos no restante do país por nosso bairrismo. Defendemo-nos com a resposta de que é justificado, de que o Rio Grande do Sul é, de fato, especial. Destaque em educação, cultura, uma indústria pujante e índices altíssimos em qualidade de vida. Investimentos externos, agricultura, exportações e ampliação de serviços de maneira geral. Sempre fomos grandes. Mas será que não estamos grandes demais?
Como relator da subcomissão para debater a estrutura administrativa do Estado, deparei com indicadores alarmantes. De acordo com informações de fevereiro deste ano, o RS tem 147 mil servidores inativos contra 139 mil funcionários que estão na ativa, sendo que somente o magistério representa 50% da folha e a maioria também é de aposentados. Isso mostra que a despesa com pessoal, fundações e autarquias já está fora de controle. Ao todo, são 40 empresas vinculadas. Para se ter uma ideia, durante o governo passado, a despesa com pessoal e encargos da administração direta passou de R$ 13 bilhões para R$ 19,7 bilhões. Isso significa que entre 2010 e 2014, esse gasto aumentou em mais de 50% e, inevitavelmente, não para de crescer.
A intenção por trás da criação dessa subcomissão na Assembleia Legislativa é justamente compreender o tamanho do Estado e a dimensão do problema com que estamos lidando. Por isso, estamos produzindo um relatório que apresente um inventário dessa estrutura aos gaúchos e que sirva de base para adoção de medidas contra a crise financeira.
Há décadas, enfrentamos o problema de a receita do RS ser menor do que a arrecadação, e a solução é simples e complexa ao mesmo tempo. Simples porque basta gastar menos do que se arrecada. Complexa porque não há consenso sobre como fazer isso. Não tenho a pretensão de fornecer a fórmula mágica e também não estou dizendo que o Estado precisa encolher, necessariamente. Mas afirmo que precisamos, sim, fazer essa pergunta antes de passarmos diretamente à disputa ideológica e da retórica maniqueísta e desonesta da "direita contra o povo", da "esquerda contra o empreendedor", do bem contra o mal, do certo contra o errado.
O nosso Rio Grande não está grande demais?