Confesso que fiquei surpreso com a iniciativa do governo federal de promover uma reforma no ensino médio por meio de medida provisória. Qualquer um que não for parcial vai concordar que a educação básica nunca foi prioridade por estas bandas. Aliás, nem a reprovação da nossa educação nos indicadores nacionais e internacionais e nem o abandono escolar bastaram para sensibilizar as autoridades de governos anteriores, que se mostraram desinteressadas em propor novas rotas para o crescimento pessoal e profissional dos jovens. Deixaram que o problema se alastrasse demais. Algo novo precisava acontecer.
Como é de esperar, imediatamente surge a pergunta: esta reforma será a solução para todos os problemas? Claro que não. Mas é o primeiro passo para a gente sair do imobilismo em que estávamos há décadas. Num sistema educacional falido, o carrossel seguia seu trajeto vicioso alimentado pela rotina. Por falar nisso, é bom reforçar que a educação é um tema delicado que diz respeito a todos nós. Assim, quando a educação falha, tudo mais falha com ela.
Temos ainda muitos problemas a resolver também no ensino fundamental. O sistema escolar é tão ineficaz que a maioria das crianças que cursa a terceira série não sabe ler nem escrever textos simples e não tem a habilidade de realizar com precisão os cálculos mais básicos. A formação dos professores é problemática: os cursos de licenciaturas são muito fracos. Não habilitam os formandos com os instrumentos necessários para enfrentar o dia a dia das escolas. E tem mais: o magistério deixou de atrair jovens talentos. É uma atividade que não premia os mais dedicados.
Pensando no quadro geral, é triste saber que o Brasil tem 13 milhões de analfabetos. Sem dúvida, a reforma não poderá resolver todos os difíceis problemas da educação. Levaremos tempo para trilhar a longa estrada que leva ao topo. E é bom não esquecer que a tarefa de educar é, sim, dever do Estado, mas também depende um pouco de cada um de nós.