O leitor pode ter em casa um televisor Samsung ou LG. Talvez possua um carro Hyundai ou Kia. Marcas de empresas da Coreia do Sul. Esse país ficou de 1910 a 1945 sob o domínio do Japão. Enfrentou uma guerra que levou à separação entre Sul e Norte. Mesmo com tudo isso, os coreanos do Sul resolveram priorizar a educação. Dedicaram-lhe 10% do PIB. Valorizaram os professores, a educação básica, a excelência na gestão escolar e o envolvimento da família e da sociedade.
Quando a priorização aconteceu, em 1950, os indicadores econômicos da Coreia do Sul eram inferiores aos do Brasil. Certamente, com tantas dificuldades, alguns questionaram essa prioridade. Ao escolher a educação, entretanto, a média de anos de estudo de sua população chegou ao dobro da média brasileira e seu PIB per capita ficou três vezes maior que o nosso. Além disso, surgiram empresas de alta tecnologia.
O Brasil teve dificuldades e avanços, mas jamais priorizou a educação. No RS, estamos dando atenção plena à segurança, que carece de ações de curto prazo. Ano que vem, talvez seja saúde, ou infraestrutura. A educação fica para depois.
Em 1916, Henri Fayol publicou o livro Administração industrial e geral. Faz cem anos. Nele, o fundador da Teoria Clássica da Administração estabeleceu cinco funções administrativas: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Além disso, cabe ao administrador fazer as escolhas certas.
Empresas privadas sentem na carne as consequências da má administração e quebram. Governos não quebram, mas fazem com que a sociedade sofra. E um dos principais problemas é a má administração pública e suas escolhas erradas.
Não é fácil priorizar. A opção pela educação na Coreia de 1950, com tanta pobreza e violência, não foi unânime. Alguém deve ter comentado: educação numa hora destas? Carentes de uma administração que altere a realidade do Brasil e do RS, e às vésperas de mais uma eleição, é importante lembrar que sempre é hora para a boa gestão e, especialmente, para a qualidade da educação. Ah, estive na Coreia e não encontrei produtos brasileiros.