Conheço Cezar Augusto Schirmer de longa data. Não apenas da política, mas também da vida. Sei dos valores que carrega, da postura que possui, do compromisso público que o move. Foi vereador, deputado estadual e federal, presidente da Assembleia, secretário de Estado da Agricultura, da Fazenda e da Casa Civil. Prefeito reeleito de Santa Maria. Agora, responderá pela Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul.
Ele está diante, sem dúvida, do maior de todos os desafios que já viveu. Sabe da dimensão do problema, das dificuldades que terá, das variáveis que não dependem dele e da insuficiência financeira do Rio Grande. E sabe também que, mesmo com tudo isso, precisará dar respostas efetivas na diminuição da criminalidade.
Schirmer pediu uma chance. E precisa tê-la. Não apenas por ele, mas pela missão que assumiu. Já o fato de ter aceitado, diante de tão duras condições, requer um ambiente de colaboração. Ele é um gestor público experimentado. Dará para a área da segurança a dimensão política e social que possui, ao lado da capacidade técnica que emprestam nossas históricas instituições, tais como a Brigada Militar e a Polícia Civil.
Ainda pesa a dor incurável pelas mortes da boate Kiss. Mas tanto a Justiça quanto o Ministério Público não identificaram qualquer responsabilidade dele no triste episódio. Isso não amaina a compreensível indignação das famílias, todavia não se pode fazer uma condenação moral eterna a quem não teve culpa ou responsabilidade. E Schirmer, também ele, precisa seguir em frente.
O Estado vive uma crise aguda nas finanças. É a raiz de tudo. O problema se reflete na vida coletiva, principalmente na segurança. Tudo se agrava com a crise econômica do país, que tem efeito social. Com a legislação penal em vigor, que facilita a impunidade. E com a falta de uma política nacional de segurança pública.
Mas as polícias gaúchas nunca prenderam tanto. O governo Sartori recorreu à Força Nacional, adotou medidas que vão gerar mais 6 mil vagas prisionais – inclusive para repor o pavilhão do Presídio Central que o governo Tarso derrubou –, e vai convocar 1.966 policiais. A luta não é fácil, mas precisa acontecer. Acredito na capacidade de Schirmer e no papel das nossas corporações de segurança. No bom senso e na solidariedade dos gaúchos. Acredito no Rio Grande que persevera e vence.