Difícil de acreditar que ainda esteja em vigor o vetusto sistema eleitoral brasileiro – adotado em 1935 frente a dificuldades operacionais na apuração de votos em papel – sem similar em qualquer grande país desenvolvido. Ele daria ao eleitor o poder de eleger o "seu" candidato a deputado ou a vereador, bastaria uma boa escolha e tudo seria resolvido. Puro engodo: em grande número de Estados e municípios, o conjunto dos eleitos não representa a maioria dos eleitores. Entre tantos exemplos, nas últimas eleições em Porto Alegre, 57% dos votos válidos não foram dados aos vereadores eleitos. Falta de representatividade agravada pela proliferação partidária. As maiorias e as grandes minorias – classe média, mulheres, afrodescendentes – são punidas, e, ao revés, as minúsculas minorias e corporações bem organizadas são beneficiadas. Além disso, campanhas de incentivo à participação do cidadão e, em especial, das mulheres pioram o quadro atual, pois provocam maior diluição dos votos conscientes. Assim, os maus políticos, rechaçados pela opinião pública, mas com bons currais eleitorais, se elegem e se reelegem com incrível facilidade.
Artigo
Antonio Augusto D'Avila: eleitor ludibriado
Economista