O dia de paralisação dos servidores públicos do Estado não foi muito diferente dos demais para os gaúchos, pelo menos no que se refere à segurança pública. Teve fuga de presídio em Pelotas, assaltos diversos em Porto Alegre, um homem esquartejado na zona norte da Capital e outros casos de violência rotineiros. Mas não houve o caos anunciado por alguns profetas do Apocalipse, incluindo-se aí lideranças corporativas que tentam provocar pânico na população para forçar o governo a atender suas reivindicações. Neste contexto de preocupações e pressões, merece reconhecimento a estratégia do comando da Brigada Militar, que manteve soldados, viaturas e equipamentos em estádios de futebol e outros locais, para evitar atritos com os manifestantes nos portões dos quartéis e garantir policiamento adequado para a população.
Com inteligência, planejamento, responsabilidade e compromisso com a sociedade, a Brigada Militar possibilitou que a população mantivesse uma rotina quase normal, descontando-se as repartições públicas e escolas que não funcionaram. Até mesmo os bancos, ameaçados de fechamento por uma medida judicial precipitada, acabaram sendo liberados pela Justiça para o atendimento dos clientes.
Nada foi resolvido, é preciso que se diga. O desconforto causado pelo parcelamento dos salários dos servidores do Executivo permanece e, ao que tudo indica, vai continuar enquanto o Estado não superar a atual crise financeira. Também continua sendo preocupante a violência urbana, que, mesmo com policiamento ostensivo, faz vítimas diárias e mantém a população sob medo constante.
Mas uma lição do episódio precisa ser assimilada: sempre é possível evitar uma crise maior quando as autoridades e os cidadãos agem com cautela e maturidade. Nesse sentido, louve-se também a atitude dos servidores que protestaram de forma ordeira e pacífica.