É inaceitável que um país empenhado em sair da crise econômica, com insuficiência de recursos oficiais para áreas essenciais e às voltas com taxas recordes de desemprego continue desperdiçando dinheiro em empreendimentos que não se concluem. Em todo o país, haveria hoje no mínimo 5 mil obras paralisadas, das quais pelo menos 345 no Rio Grande do Sul, incluindo áreas como rodovias e ferrovias, saneamento básico, construção de prédios públicos e escolas. O montante, apurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, serve de alerta para a urgência de os organismos de fiscalização darem um basta a esse descaso com o uso de dinheiro dos contribuintes.
Entre as razões para a descontinuidade nos trabalhos, estão as relacionadas à crise econômica, que dificultam Estados e municípios a assegurarem contrapartidas para investimentos normalmente bancados em parte pela União. Há mais razões, porém, e muitas delas se repetem de forma inaceitável. É o caso, entre outros, de projetos mal feitos ou mal executados, planejamento inadequado, excesso de burocracia e dificuldade de contornar entraves ambientais.
Muitas vezes, o interesse maior é na colocação de uma placa marcando o início da obra, o que acaba servindo para facilitar a corrupção. A falta de cuidados mínimos ajuda a explicar, entre outros, os desvios registrados no âmbito da Lava-Jato.
Além dos prejuízos para os cidadãos, beneficiários dessas obras, a paralisação também penaliza os cofres públicos com o inevitável acréscimo de preço na retomada dos trabalhos. Daí a urgência de o país aperfeiçoar formas de conter essa verdadeira sangria com dinheiro público.