A Lava-Jato faz bem ao Brasil. Tendo esta afirmação como premissa, para mim irrefutável, devemos construir um legado a partir desta que é a maior operação contra a corrupção já empreendida no Brasil. A partir das lições deixadas pela Lava-Jato, é preciso melhorar a legislação para fechar o cerco contra esta que é uma praga generalizada.
Os resultados do trabalho do Ministério Público Federal e da Polícia Federal são magníficos. Já temos mais de R$ 3 bilhões devolvidos aos cofres públicos, além de vários corruptos e corruptores presos e condenados. Nem os homens mais ricos e poderosos da República escaparam do rigor da lei, aplicada pela caneta do juiz Sergio Moro. Cada nova delação descortina novos fatos e, em efeito dominó, vão caindo um a um políticos influentes, megaempresários e lobistas.
Ninguém defende a corrupção – embora muitos a pratiquem. No entanto, à medida que a Lava-Jato avançou para Brasília, os políticos iniciaram uma tentativa desesperada de salvar a própria pele "melando" a operação. As tentativas fracassam, o senador Delcídio do Amaral foi preso obstruindo a Justiça e optou pela delação. Aos poucos, o mundo político percebe que não pode deter a Lava-Jato, pelo menos não com negociatas nos bastidores.
Muitos dirigentes da cúpula do PT, do PMDB e do PP já caíram. Mas Renan Calheiros resiste. Entrincheirado na presidência do Senado, articula para votar rapidamente um projeto que pretende combater o abuso de autoridade. Trata-se de mais uma iniciativa legislativa para minar o controle da lei.
Por outro lado, avança na Câmara projeto com as medidas contra corrupção, proposto pelo MPF com apoio de mais de 2 milhões de assinaturas, que visam endurecer as penas para os crimes do colarinho branco.
Sabemos que a corrupção não está em uma só pessoa, partido ou instituição. Como um tumor generalizado, ela está espalhada em todos os níveis e esferas, da vida pública e privada. A Lava-Jato tem sido um remédio forte. Porém, somente uma reforma na legislação poderá ser a cura, pois irá reforçar as virtudes das instituições e impedir a proliferação desta "doença" que surrupia o bolso e avilta a dignidade dos cidadãos.
Chegou o momento de fazer escolhas. Ou o Congresso Nacional aprova as medidas para enfrentar a corrupção (PL 4.850/16), endurecendo as penas e corrigindo brechas legais que favorecem a impunidade, ou resolve remar contra a maré da moralidade.