A fome é ainda um dos mais elementares desafios da humanidade. Cerca de 1 bilhão de pessoas sofrem com a desnutrição no mundo – índice que pode aumentar com o progressivo crescimento da população. Além das singularidades locais, um problema de escala global precisa ser superado: o desperdício de alimentos.
De acordo com a ONU, 30% de tudo o que é produzido no mundo se perde antes de chegar às mesas. Apenas no Brasil, são 1,3 bilhão de toneladas por ano – mais de 40 mil a cada dia. Perdas que não são apenas de alimentos, mas de muitos recursos: o desperdício consome 24% de toda a água utilizada pelo campo, além de terras cultiváveis que equivalem ao tamanho do México. O prejuízo econômico chega a R$ 3 trilhões anuais.
As causas desse enorme extravio envolvem toda a cadeia: da colheita ao transporte, do varejo às nossas próprias casas. Relacionam-se com más condições de armazenamento, falhas na logística ou no manuseio – além de razões subjetivas, como frutos imperfeitos que são colocados indevidamente na lata de lixo. Essas questões, se resolvidas, poderiam não só saciar as necessidades de todos os famintos, como beneficiar o meio ambiente e gerar mais oportunidades de emprego.
O Brasil, como supridor lógico de alimentos do mundo, tem condições para protagonizar esse processo. Somos o quarto maior exportador na agropecuária, ocupando a liderança em diversas frentes. Nas próximas décadas, cresceremos ainda mais, com destaque para a proteína animal, ampliando os embarques para a África e a Ásia. O setor se notabiliza como um exemplo em sustentabilidade e produtividade, atendendo ao mercado doméstico e a 158 países espalhados pelo globo com eficiência.
Thomas Malthus afirmava que a fome era resultado direto do crescimento populacional. A prática, porém, se provou muito diferente da teoria. Temos terra, recursos naturais e tecnologia para alimentar a todos. Para isso, é urgente que sociedade, governos, empresas e produtores se unam nessa luta. Com mudança de atitude e forte engajamento, podemos garantir um futuro em que todos tenham acesso ao necessário para sua subsistência. Combater o desperdício é um grande passo para chegarmos lá.