A Polícia Federal prendeu ontem um grupo de brasileiros identificados com a organização terrorista Estado Islâmico e que supostamente planejava um atentado durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Embora seja considerada uma célula "absolutamente amadora", na definição do ministro da Justiça Alexandre de Moraes, o fato concreto é que um dos investigados tentava comprar um fuzil AK-47 de um fornecedor clandestino, segundo mensagens interceptadas pela PF. Mais: outras interceptações comprovam que os brasileiros presos haviam jurado lealdade ao Califado, que celebraram os massacres de Orlando (boate Pulse) e Nice (atropelamentos com caminhão), e propagavam intolerância racial, de gênero e religiosa. Dois dos integrantes tinham condenação por homicídio.
Não se trata, portanto, de uma simples brincadeira de jovens ansiosos por visibilidade e protagonismo. O radicalismo se vale exatamente de mentes imaturas e obsessivas para implementar suas ações criminosas, fazendo com que essas pessoas passem a se considerar heróis de uma causa qualquer. O Brasil sequer está na lista dos inimigos do Estado Islâmico, mas se torna alvo devido à iminente presença nos Jogos Olímpicos de visitantes de vários países que combatem os terroristas.
Com terrorismo não se brinca. Por isso, merece reconhecimento a ação de inteligência da Polícia Federal que flagrou a maquinação criminosa no seu nascedouro, tirando de circulação potenciais extremistas. Amadores também são perigosos, pois ninguém precisa ser profissional para disparar uma arma ou lançar um caminhão sobre uma multidão.
O trabalho de monitoramento que vem sendo executado pelos órgãos de segurança é oportuno e indispensável, mas será ainda mais eficiente se os cidadãos entenderem que também podem fazer a sua parte, ajudando a identificar desvios de comportamento que levam ao radicalismo. Evidentemente, sem alarmismo, pânico ou perseguições.