A alta recente do dólar americano teve o quase imediato efeito de aumentar a conversão de nossas empresas para os mercados externos, o que já gerou efeitos positivos na balança comercial brasileira.
Estudos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que o Brasil poderá aumentar as exportações em até 20% ao ano se equacionar as políticas de desoneração dos impostos indiretos sobre as vendas externas, de redução das tarifas de importação e as regras de conteúdo local.
As políticas atuais prejudicam os negócios com o Exterior, a produção, os investimentos e fazem com que o Brasil não amplie sua participação no comércio global. Hoje, nossas vendas externas representam menos de 1,2% do total, enquanto somos mais de 3% da produção mundial.
Quase tudo o que exportamos são matérias-primas e produtos agrícolas, de menor valor agregado e reduzido valor pago em tributo, ou, ainda, cujo custo é muito baixo na cadeia de produção.
Embora necessário reduzir custos internos, as distorções na alocação de recursos e a retirada indiscriminada de tributos sobre exportação de matérias-primas acabou por não gerar novos empregos nem agregou valor aos nossos produtos.
A soja, que tem no Rio Grande do Sul um player relevante, é um exemplo. No ano de 1989, colhemos 24 milhões de toneladas, 96 milhões em 2015 e, neste ano, deveremos chegar a 100 milhões de toneladas de soja! Porém, sua industrialização, que em 1989 correspondia a 67% e atingiu, em 1995, 85% da produção, vem caindo. Em 2015 foi apenas 42%, ou seja, processamos pouco mais de 32 milhões de toneladas, enquanto nossa capacidade instalada é de 60 milhões de toneladas/ano. A exportação de óleo de soja não passa de 1,5 milhão de toneladas/ano e, embora isto se deva a diversos fatores, um dos que impactam negativamente é, sem sombra de dúvidas, a tributação.
Precisamos voltar a gerar empregos e, talvez, a indústria exportadora possa colaborar com este nobre objetivo. É necessário, contudo, criar e rever políticas internas, como a de investimentos, e também aprimorar o ressarcimento dos tributos pagos sobre insumos aplicados na industrialização, para participarmos mais no comércio global e agregar valor aos produtos e geração de empregos no país.