A ocupação de escolas públicas por estudantes e as manifestações de rua protagonizadas pelos jovens começam a gerar episódios preocupantes de agressões de alunos por outros alunos, de inconformismo de pais e até mesmo de confronto com policiais, como ocorreu isoladamente num bairro da zona sul de Porto Alegre. Para complicar ainda mais a situação, no momento mais crítico do movimento, que inclui a greve do magistério, o governo fica sem seu interlocutor oficial, devido à demissão voluntária do secretário da Educação, que pretende concorrer à prefeitura da Capital. Também entre os professores, existe a divisão entre os que querem trabalhar e grevistas que impedem o acesso de colegas às salas de aula. O Rio Grande precisa, mais do que nunca, de lideranças sensatas e eficientes para o enfrentamento de tantos impasses.
Ninguém questiona o direito dos jovens de protestar contra as más condições das escolas, por melhorias na qualidade do ensino ou até mesmo em solidariedade aos mestres que reivindicam salário em dia e remuneração adequada. Mas são inaceitáveis algumas atitudes autoritárias, como o fechamento de escolas, a restrição aos colegas que querem continuar estudando e, principalmente, o bloqueio de trânsito, que causa prejuízos irreparáveis a milhares de pessoas sem qualquer ligação com o movimento. Quanto aos professores grevistas, ainda que lutem por uma causa justa, eles também perdem a razão quando constrangem colegas, dão conotação política ao movimento ou desconsideram os direitos dos estudantes na recuperação das aulas perdidas.
O que é inquestionável, neste contexto, é que os conflitos têm que ser resolvidos pelo diálogo – e não pela força.