São estarrecedoras as informações resultantes da delação premiada do ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que revela um esquema de desvios de recursos de 14 anos na estatal, com a distribuição de R$ 564,1 milhões em propina a pelo menos 11 políticos do PT e do PMDB, além de integrantes não nominados do governo do PSDB. A contabilidade da propina publicada ontem pelo jornal O Globo, com o registro de contratos, valores e beneficiários, é um verdadeiro balancete do esquema de saques da estatal e de suas subsidiárias, sob o controle da diretoria comandada por Cerveró. Não estão contabilizadas neste levantamento outras extensões do propinoduto montado em torno na maior empresa brasileira.
Já são tantos os acusados pelos delatores da Operação Lava-Jato, que a cada início de semana fica difícil atualizar o balanço da corrupção. As citações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, somadas à anunciada delação do empresário Marcelo Odebrecht, colocam sob suspeita políticos que ocuparam cargos importantes na administração pública, incluindo ex-presidentes, governadores, senadores e deputados.
A maior parte dos recursos subtraídos dos negócios do governo foi para a campanha eleitoral dos denunciados, mas há também muitas suspeitas de enriquecimento pessoal à custa do dinheiro público desviado. Por isso, tão essencial quanto identificar os beneficiários da corrupção – para que sejam punidos na forma da lei e condenados a devolver o que surrupiaram – é estabelecer mecanismos de controle eficientes, para que as práticas desonestas agora confirmadas sejam definitivamente abolidas da vida nacional e da administração pública do país.