Multiplicam-se pelo país os protestos contra a mudança de governo e contra os novos ocupantes do poder. Tais manifestações são legítimas e democráticas, pois a Constituição garante aos brasileiros o direito de se expressar livremente e de participar de atos públicos, desde que pacíficos e sem privar outras pessoas de seus direitos. Porém, como ocorreu em 2013 quando os chamados Black blocs desmoralizaram os protestos com atos violentos, fazendo com que a população rejeitasse o movimento, também agora alguns desequilibrados infiltrados entre os manifestantes já começam a despertar repulsa. É o caso das pessoas que depredam, sujam e agridem, valendo-se do anonimato e da proteção da multidão.
Trata-se de uma minoria, todos sabem disso. Tanto que as forças de segurança, com raras exceções, têm feito o possível para não entrar em choque com manifestantes. Em Porto Alegre, alguns policiais chegaram a ser atingidos por pedradas na última terça-feira, mas evitaram utilizar a força – o que merece aplauso e reconhecimento.
Só que o controle policial também tem limite. Por isso, antes que ocorram confrontos indesejáveis, é imprescindível que as lideranças dos movimentos que articulam os protestos identifiquem os sabotadores e os enquadrem no comportamento civilizado da maioria. Quem lidera multidões sabe muito bem que os covardes que atiram pedras não são aliados – são inimigos que acabam desmerecendo a causa defendida, por mais justa que seja.