Em suas primeiras manifestações públicas como novo comandante da Fazenda, o ministro Henrique Meirelles deixou evidente que sua prioridade inicial é a busca do equilíbrio fiscal para estabilizar a dívida pública, como forma de criar as condições para a retomada do crescimento econômico e da oferta de emprego. Ainda que o receituário seja rígido e costume impor sacrifícios, o ministro diz apostar no realismo, na conscientização da sociedade e do Congresso que a representa para a aprovação das mudanças necessárias. Depois da estagnação e do retrocesso econômico dos últimos meses, tudo o que o país precisa é definir um horizonte de equilíbrio para o setor público e de crescimento para a iniciativa privada.
Preocupado em mostrar com clareza a situação fiscal do país, o ministro prefere conhecer antes a verdadeira situação das contas públicas. Desde já, e antes mesmo do anúncio oficial de sua equipe, previsto para hoje, o responsável pela Fazenda reitera que a expansão da dívida pública nos níveis atuais está na origem da crise brasileira, e é insustentável. Por isso, dispõe-se a adotar metas e tetos que possam efetivamente ser cumpridos, evitando o vaivém constante nos números oficiais enfrentado pelo país nos últimos tempos.
A retomada dos investimentos depende em muito da capacidade do novo ministro da Fazenda de transmitir confiança à sociedade sobre a eficácia de um rigor fiscal. Será preciso também enfrentar a dificuldade de convencer o Congresso de que muitas providências, mesmo impopulares, são imprescindíveis. O país precisa torcer para que as mudanças excluam ainda mais impostos, preservem a qualidade dos serviços públicos e acenem rápido com a retomada econômica.