Marcelo Rech
A estrada que levou Michel Temer ao poder redesenhou o mapa político do Brasil. Além dos protagonistas recém instalados no Planalto e na Esplanada dos Ministérios, o terremoto do impeachment rearranjou forças e fez despontar novos fenômenos e nomes no país. Aqui, uma amostra deles.
PT – Equivoca-se quem se lamenta ou se regozija – dependendo do gosto – pela agonia do PT. Livre de Dilma e do ajuste fiscal, o partido atuará agora naquilo em que é melhor, a oposição cerrada e a defesa de mais gastos públicos. A tendência é o partido se revigorar até 2018 com as previsíveis dificuldades do governo Temer. A Lava-Jato seguirá consumindo boa parte de seus quadros mais conhecidos, como Lula, mas o combate ao impeachment pôs no holofote dois nomes, José Eduardo Cardoso e Lindbergh Farias.
PT gaúcho – Correndo por fora da Lava-Jato, o ex-governador Tarso Genro se consolida como um crítico do PT de José Dirceu e como referência para as teses do partido que foram incendiadas na fogueira das empreiteiras. No combate ao "golpe e contra Cunha e Temer", três deputados federais gaúchos de estilos distintos se firmaram nacionalmente: Paulo Pimenta, Henrique Fontana e Maria do Rosário.
Liberalismo – Saem o populismo e o gigantismo do Estado que marcaram a era Lula/Dilma, entra o ideário do Estado enxuto e eficiente. A filosofia liberal impulsionou os movimentos de rua pelo impeachment e conquista cada vez mais jovens e a classe média incomodada pela torrente de impostos sem contrapartida em serviços.
Extremos – Em épocas extremadas, as saídas radicais ganham espaço e conquistam adeptos que demonstram devoção a suas causas. O bolsonarismo, de um lado, e o PSOL, de outro, avançam no vácuo de respostas e soluções dos partidos que governaram o Brasil nos últimos 35 anos. A criminalidade e a ditadura do politicamente correto injetam gás em Bolsonaro. O PSOL cresce no discurso contra a corrupção e o capitalismo, como fez uma vez o PT.
Outros partidos – Com seu partido, a Rede, em formação e com a imagem incólume, Marina Silva passou pelo impeachment quase nas sombras, à espera do momento de colher a revanche por ter sido destroçada moralmente por Dilma em 2014. No PC do B, o estilo aguerrido mas suave da senadora Vanessa Grazziotin, catarinense eleita pelo Amazonas, apresentou um novo nome da esquerda moderada.
Sociedade civil – Com os movimentos de esquerda barrados no baile do Planalto, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que assumiu a defesa do impeachment, retoma um papel central em Brasília.
Governadores – Fora do tradicional triângulo Rio-São Paulo-Minas, dois governadores despontam pelo estilo conciliador, pela disposição em fazer mudanças e por aplicar conceitos modernos de gestão. Pedro Taques, de Mato Grosso, e Marconi Perillo, de Goiás, começam a ocupar o espaço nacional do gestor eficiente que um dia já foi de Eduardo Campos, de Pernambuco.