Pressões de políticos sobre empresas de comunicação, reveladas em recentes gravações de conversas de investigados pela Operação Lava-Jato, reforçam a importância da imprensa livre e independente numa democracia. Nos dois casos referidos no grampo do ex-presidente da Transpetro, os dirigentes das empresas de mídia resistiram às pressões e chancelaram o jornalismo responsável como instrumento de defesa da sociedade.
Num cenário em que políticos de praticamente todos os partidos se mostram acuados e atemorizados pelo recrudescimento das investigações sobre corrupção, as queixas e mesmo tentativas diretas de interferir no enfoque do noticiário tornam-se ainda mais intensas. Como sugere uma das gravações, o inconformismo parte tanto de políticos como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quanto da presidente da República afastada temporariamente, Dilma Rousseff. A realidade, porém, é que o papel da mídia não é agradar a quem está no poder, pois seu compromisso inegociável é com a notícia e com o público.
Ainda que, entre políticos, essa reafirmação costume gerar "desconforto, frustrações e, por vezes, afirmações descabidas, o que é compreensível", como afirmou em nota o presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo, João Roberto Marinho, não há como ser diferente. A mídia independente tem seus próprios mecanismos para se corrigir quando incorre em excessos e em equívocos. É descabida a ideia de que possa se submeter a pressões políticas ou de de qualquer outra natureza, pois isso seria abrir mão de sua liberdade e independência.