A ditadura instalada, há meses, é do Judiciário. Juízes, com a complacência de desembargadores e ministros, promulgam leis em seus despachos. O princípio da inocência, consagrado na Constituição, está revogado - e foram os juízes que o revogaram.
Nos dias 2 e 3 de maio, 100 milhões de brasileiros foram privados do WhatsApp pelo juiz de Lagarto, e os inocentes pagaram pela empresa responsável. Março passado, o juiz que comanda a "Lava-Jato" vazou escutas telefônicas da presidente da República que não poderia ter ouvido. Deve saber que é vedado ao cidadão, ainda que juiz, alegar o desconhecimento da lei. O magistrado, no entanto, na ditadura judicializada vigente, ouviu e vazou, beneficiando-se de sua própria torpeza. Perdoado, continua a distribuir a sua "justiça".
As vítimas de Brilhante Ustra não devem temer, na ditadura judicializada não existe a tortura praticada no DOI-CODI. Agora, usa-se a prisão, sem condenação prévia, até que o suspeito confesse. A ditadura judicializada é real e está também no fato de o STF ter esperado que o Eduardo Cunha, réu há meses, fizesse a votação do impedimento com o apoio dos seus 100 deputados comandados, para só então afastá-lo, enquanto não precisou mais do que 16 horas para impedir Lula, que não é réu, de ser ministro de Dilma Rousseff.
Outra prova é o fato de o Judiciário estar, por liminares, dizendo o que Dilma pode ou não fazer, limitando, inclusive, uso de verbas do Executivo. Suprime, assim, a independência e harmonia dos três poderes da República. O Judiciário diz o que pode ou não fazer o Executivo, mas, por interesses outros, espera que Cunha faça o serviço para, depois, tomar providências contra o presidente da Câmara.
E sem a Constituição, nós, cidadãos, perdemos os parâmetros legais e somos órfãos e vítimas do tumulto de liminares. O Poder Executivo não funciona porque o Poder Legislativo não vota. Sua pauta única, há 16 meses, é derrubar a presidente. Neste período, se ocupou da pílula do câncer, da proibição do aborto em casos de estupro e tenta restaurar o estatuto da família. Na ditadura judicializada, somos todos bem-vindos à Idade Média. Recomendo comprar burcas. Vai faltar no mercado.