Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o senador cassado Delcídio Amaral disse que a corrupção nas empresas estatais, incluindo a Petrobras, tornou-se sistêmica durante o governo do PT, do qual ele era líder no Senado. Responsabilizou também integrantes peemedebistas do governo interino de Michel Temer, por participarem do esquema delituoso, apontando diretamente o ministro Romero Jucá, do Planejamento, e os senadores Edison Lobão e Renan Calheiros.
Por mais que devam ser relativizadas, devido à sua condição de quem precisa se defender de acusações como a de obstrução da Justiça, as afirmações do ex-senador contribuem para as investigações da Lava-Jato. Ao mesmo tempo, pressionam o Supremo Tribunal Federal (STF) a tomar decisões em relação aos políticos com foro privilegiado envolvidos em denúncias.
As declarações do terceiro senador a ser cassado no Brasil servem também de alerta para o governo em formação, justamente no momento em que estão sendo definidos os novos nomes para o comando das estatais. No caso específico da Petrobras, como admitiu o entrevistado, a corrupção vinha de governos anteriores, mas se intensificou a partir da gestão petista, quando até mesmo indicações para gerências e chefias passaram a ser politizadas.
Independentemente de quem esteja no poder, um dos desafios que o país ainda precisa enfrentar é o de combater o clientelismo, hoje enraizado como prática, e que está na origem de boa parte da corrupção. A alternativa contra o fisiologismo é privilegiar ao máximo quadros de servidores admitidos por concurso e valorizados por mérito.