Até a ONU já manifesta sua preocupação com o impasse político brasileiro, por temer que uma eventual ruptura institucional tenha forte impacto internacional e contamine governos da região onde os processos democráticos ainda são frágeis. Manifestando-se sobre a crise do Brasil, o secretário-geral Ban Ki Moon pediu que os líderes de todos os setores envolvidos diretamente na questão adotem "soluções harmoniosas e tranquilas". É, também, o que desejam os brasileiros realmente preocupados com o futuro do país, acrescentando-se mais duas precondições: que a solução seja rápida e rigorosamente constitucional.
O país está diante de uma encruzilhada histórica, que aponta para duas direções bem nítidas: o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que a cada dia se torna mais viável devido ao crescimento das forças políticas contrárias ao governo, e a permanência da presidente no cargo, apesar de fragilizada e aparentemente sem capacidade de retirar o país da crise econômica e política em que se encontra. O que se pode desejar, diante do atual cenário, é que o país encontre uma saída rápida e pacífica para o impasse, valendo-se da solidez de suas instituições para assegurar ao povo brasileiro o irrestrito cumprimento da Constituição e das leis, evitando assim que as paixões exacerbadas derivem para a instabilidade social e para a violência.
Ainda que algumas instituições possam estar contaminadas por interesses políticos e até pela corrupção estrutural que só agora começa a ser enfrentada com seriedade, temos que confiar na nossa democracia e acreditar que o Congresso e o Judiciário, no seu conjunto, saberão cumprir as suas atribuições constitucionais. O importante é que, independentemente do caminho a ser escolhido, o povo brasileiro siga unido para o futuro.