Ainda que as vaias à presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional, na última terça-feira, possam ser classificadas como indelicadeza, elas refletem também a contrariedade de parcela expressiva da sociedade brasileira com a tentativa do governo de recriar a CPMF - tributo que incide sobre a movimentação financeira. O governo está desesperado para aumentar a arrecadação e o chamado imposto do cheque ressurge como solução mágica, por ser praticamente insonegável e de fácil administração. Só que os cidadãos já não suportam mais o peso da carga tributária e não acreditam que os recursos da CPMF serão efetivamente utilizados na Saúde e na Previdência. Além disso, duvidam que o tributo será temporário, como promete a presidente. E têm bons motivos para descrer: no passado, os governantes beneficiados pela contribuição fizeram o possível para que ela se tornasse permanente e desviaram a arrecadação para outras finalidades.