As mudanças na legislação trabalhista, mencionadas pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em suas primeiras conversas com investidores, estão de volta aos planos do Planalto, como alternativa para ajudar no combate ao desemprego. As reações contrárias são previsíveis, como ficou evidente em recente pesquisa de opinião pública encomendada por entidade sindical. Ainda assim, o momento é oportuno para o encaminhamento dos debates, previstos para ocorrer no âmbito do Fórum Nacional de Previdência e Trabalho, que inclui representantes de todas as partes com interesses na questão da empregabilidade.
Contrariamente aos discursos de líderes trabalhistas, que alegam não admitir mudanças em meio à crise, situações de maiores dificuldades como a atual são as mais propícias para a discussão de reformas. O país não tem como conviver por mais tempo com a tendência de desemprego em alta e renda média em baixa, associada a taxas de inflação e de juros elevadas. Se nada for feito, esse é um cenário que só tende a se agravar, e quem mais perde são os trabalhadores.
Os sindicatos cumprem seu papel na tentativa de impedir a precarização das relações de trabalho. Ainda assim, se quiser evitar ainda mais desemprego, o país precisa encarar a necessidade de fortalecer o processo de negociação entre sindicatos de empregadores e de empregados. A alternativa mais sensata é permitir que o acordado possa prevalecer sobre a legislação trabalhista, que além de não responder às necessidades atuais, impõe um custo excessivo para quem emprega.