Pelo que se diz lá e aqui, estamos estupidamente confusos. Há um dilema se a crise política gerou a atual crise econômica ou o inverso. Para o amadurecimento do país como nação democrática e capitalista esta relação de causa e efeito tem altíssima relevância. É atribuída a James Carville, estrategista da campanha de Bill Clinton em 1992 a frase-míssil para derrubar o governo Bush em recessão: "É a economia, estúpido!". Lá, havia motivação conjuntural. Aqui, nossa estupidez de longa data não nos deixa ver que é a economia.
O Brasil é o maior caso de reversão de expectativas do mundo capitalista contemporâneo. O mais bem-sucedido dos Brics guinou de um foguete em ascensão para um deprimido e enlameado jabuti em apenas dois anos. Quase que instantaneamente, a coesão da base de apoio político do governo recém-eleito se dissolveu diante da escassez de recursos públicos antes abundantes. União, Estados e municípios endividados e insolventes são entidades desinteressantes de fazer parte para os associados à cultura política brasileira vigente.
A estupidez, no caso brasileiro, está em não definir um modelo de desenvolvimento em uma economia capitalista comandada pelo processo global de inovação em rede. Ficamos mirando na Constituição de 1988, nas fraquezas da nossa jovem democracia ou nas vicissitudes do caráter brasileiro.
Portanto, trata-se de uma crise econômica, meu chapa! O modelo nacional desenvolvimentista, ressuscitado com a alcunha de nova matriz econômica, não apresentou sustentabilidade. E o pior, sabíamos de antemão que recairia no bolso do contribuinte o ônus de sua conhecida trajetória de fracasso.
A economia cobra a conta. Estamos diante da mais intensiva revolução do modelo dos negócios já vivenciada. Daqui a 10 anos, diversas empresas do varejo, da construção, da saúde, do ensino, do sistema financeiro, do comércio e dos serviços - para citar alguns - não existirão mais. E nós, em cegueira quase total, teimamos em reproduzir as soluções ineficientes para os problemas errados, caminhando e entoando o mantra da estupidez econômica.