Virou um acirrado debate nas redes sociais a ideia de colocar os guardas municipais a patrulhar as ruas contra os ladrões - proposta feita pelo atual secretário da Segurança Pública, Vantuir Jacini, para driblar a carência de PMs. O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, e o vice, Sebastião Melo, mostram-se pouco inclinados a incumbir seus guardas de tarefa semelhante à da Brigada Militar. Argumentam que já há serviço que chega para a missão original deles, que é guarnecer prédios e parques públicos. Já muitos internautas adoraram a ideia e querem que os guardas prendam criminosos, como a BM e a Polícia Civil já fazem.
Nesse debate eu tenho lado. Acho que é mais que hora de a Guarda Municipal atuar com vigor contra o crime em geral, não apenas contra delinquentes que atuam com menor potencial ofensivo. Em resumo, não adianta prender só pichador ou vândalo. A população implora que o poder público use de todos os seus meios para conter a onda de crimes que assola o país. E isso inclui as esferas federal, estadual e - por que não? - municipal.
Guardas municipais, em várias cidades do Estado, há anos usam armas. Ganharam em 2014 uma lei que prevê que façam uso do poder de polícia. Somadas, as duas iniciativas transformam eles em policiais (de fato). Não custa lembrar que nos Estados Unidos as polícias são, majoritariamente, municipais. Por que não ajudarem com mais vigor a BM na dura tarefa de policiar as ruas? Por acaso impedir grafitagem em muros ou quebra de janelas em escolas é mais nobre do que ajudar cidadãos vítimas de assalto?
Lógico que os guardas já trabalham, e muito. Estatísticas da prefeitura porto-alegrense mostram que, desde que foi inaugurado o Disque-Pichação (em 2006), foram registradas cerca de 1.780 ocorrências de vandalismo. A Guarda Municipal deteve mais de 400 pichadores em flagrante desde então, sendo que, desses, 90 eram adolescentes infratores, apreendidos em flagrante. Lógico também que não prendem só pichadores: dia desses prenderam no Parque Farroupilha um foragido catarinense, evitaram um assalto no Partenon e um estupro na orla do Guaíba, como fui informado.
Tudo bem. Mas nós, moradores do Rio Grande, queremos mais. Se os guardas municipais já existentes atuassem sempre contra crime em geral - não só na proteção de áreas públicas - seriam 2,6 mil agentes a mais a fazer a segurança pública. Vai sobrecarregar as prefeituras? Talvez, mas a população saberá agradecer ao governante que tomar essa iniciativa.
.