Apesar das manobras protelatórias e da ameaça velada de dar andamento a pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o deputado Eduardo Cunha está perdendo de goleada no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, que deve decidir nesta quarta-feira se admite ou não a abertura de processo disciplinar contra ele. Entre os parlamentares que se posicionaram ontem, a maioria manifestou-se favorável à continuidade do processo contra o presidente da Casa. A votação ficou para hoje e o resultado ainda é incerto, mas já se pode perceber a preocupação dos parlamentares em
acatar a vontade da população, que exige o afastamento do peemedebista.
Na CPI da Petrobras, Cunha disse a seus pares que não tinha dinheiro depositado no Exterior. Depois, desmascarado por extratos bancários de bancos suíços, tentou se justificar dizendo que é apenas usufrutuário dos recursos. Sua situação se complicou com a suspeita levantada pelos investigadores da Operação Lava-Jato de que parte desses valores provém do esquema de corrupção da Petrobras.
Caso o Conselho de Ética decida pela abertura do processo, caberá ao plenário da Câmara dar a palavra final sobre a permanência de Cunha no cargo. Mas não é apenas isso que está em jogo. Ao chantagear o governo com a possibilidade de acatar o impeachment presidencial, o presidente da Câmara lança suspeitas sobre o Planalto e sobre a independência do Judiciário e do Ministério Público.
Os brasileiros que ainda acreditam na seriedade das instituições esperam que ele receba uma resposta adequada para a sua afronta.