Editorial publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na quinta-feira. Entre as mais de 700 manifestações, incluindo Facebook e Twitter, houve 63% de discordância e 37% de aprovação, apuradas até às 18 horas. A questão: editorial diz que militares devem subordinar-se aos civis. Você concorda?
Ainda causa repercussão e muita boataria no país a exoneração do comandante militar do Sul, general Antônio Hamilton Martins Mourão, autor de declarações de cunho político e de críticas ao governo, além de ter convocado oficiais da reserva para "o despertar de uma luta patriótica". Mourão, que também admitira uma homenagem pública ao recém-falecido coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, identificado como torturador durante o Regime Militar, foi transferido para um cargo burocrático na Secretaria de Economia e Finanças do Exército, em Brasília, por determinação do ministro da Defesa e integrante do Partido Comunista do Brasil, Aldo Rebelo - o que reacendeu ranços ideológicos e potencializou o desconforto na caserna.
Embora o episódio tenha ressuscitado tanto o desejo quanto o temor de intervenção militar neste momento em que o país passa por inegável instabilidade política, tudo indica que a democracia sairá fortalecida desse teste. É o que se pode depreender de entrevistas concedidas pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que faz questão de reafirmar o papel constitucional das Forças Armadas na garantia da estabilidade e da normalidade social. Ele lembra que as instituições democráticas estão sólidas e amadurecidas e que a atual crise deve ser solucionada sem quebra da normalidade institucional.
Um dos pontos mais interessantes das entrevistas é o reconhecimento por parte do comandante do Exército de que o país passa por uma crise ética. Ele lembra que quando as pessoas pedem providências ao Exército para solucionar a crise estão, na verdade, demandando os valores que as Forças Armadas representam.
Trata-se de uma interpretação sensata. Os problemas da democracia sempre devem ser resolvidos com mais democracia - e não com soluções arbitrárias como equivocadamente algumas pessoas pleiteiam. O Exército tem normas disciplinares rigorosas, mas as normas maiores do país, que estão no texto constitucional e valem para todos, subordinam os militares aos civis. Diz claramente o artigo 142: "As Forças Armadas... destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".
No Brasil de hoje, civis e militares têm um comandante comum: a democracia.
O LEITOR CONCORDA
A razão da existência do Exército é a defesa da lei e da ordem. Não se trata, portanto, de uma força capaz de agir como lhe convier, mas de uma instituição que deve agir de modo a assegurar direitos constitucionais, subordinando-se, assim, aos civis.
BERNARDO SULZBACH - ESTRELA (RS)
Constitucionalmente as FFAA são subordinadas aos civis sim, mas ao povo, não a governos no poder e muito menos a partidos políticos. Os governos são constituídos pelo povo, que é o único poder da nação, podendo recorrer às FFAA contra governos tiranos, se necessário.
SÉRGIO SEMENSATO - PORTO ALEGRE (RS)
O LEITOR DISCORDA
É o fim do mundo, um general ser destituído do cargo por alguém que não demora perde seu cargo por chegar o fim do seu mandato. Só na republiqueta das bananas mesmo para acontecer uma coisa dessas. Que saudade do Exército. Não vai voltar?
MILTON UBIRATAN R. JARDIM - TORRES (RS)
Deveria haver sim um respeito enorme a estes senhores de armas, o Exército é o teto, a solução, a quem recorremos em momentos de necessidades. Quanto à politização, acredito que exista uma inteligência capaz de fazer um excelente trabalho a frente de decisões de Estado e até mesmo do país.
JULIANO ROSSETTO - PORTO ALEGRE (RS)
Não concordo, porque com o nível e interesses dos nossos políticos, o Brasil ficará pior e mais cedo ou mais tarde eles terão que tomar uma atitude. Com relação ao governo só podemos dizer "quousque tandem, Catilina, abutere patientia nostra".
PAULO TIETÊ - PORTO ALEGRE (RS)
Os militares tem que assumir e salvar esse Brasil da desordem e da roubalheira. Governo de Clerocracia, vagabundo aqui só se cria. Nada se faz, cidadão que paga seus extorsivos impostos não tem hospital, educação e segurança de qualidade, que é uma obrigação do Estado. Que país e esse? Militares nas ruas, só assim acabaremos com a farra.
LUIZ EDUARDO SOUZA PAZ (via Facebook)