Não há indenização que compense as perdas humanas, naturais e econômicas da tragédia provocada pelo rompimento das barragens de rejeitos de mineração da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais. Além de ceifar vidas humanas e de causar danos irreversíveis à fauna e à flora, o derrame de lama tóxica matou o Rio Doce, inviabilizando o abastecimento de água potável para dezenas de cidades e localidades entre Minas e Espírito Santo. O simples fato de, em uma parte considerável da área atingida, a recuperação se mostrar tão cara que pode se tornar inviável financeiramente, deixa evidente o quanto, nesses casos, é preciso apostar sempre na prevenção.
Descontado o aspecto político-ideológico da maior tragédia global em volume de material despejado por barragens de rejeitos, que os oportunistas de plantão tentam aproveitar para comprometer adversários políticos, a verdade é que o poder público se descuidou na fiscalização de uma empresa potencialmente perigosa para o meio ambiente e para a comunidade. O que menos interessa, agora, é discutir se a empresa é pública ou privada. Mais importante do que isso é reparar os danos na medida do possível, principalmente o sofrimento humano, e tomar providências para que uma catástrofe dessa dimensão jamais se repita.
Em todo o mundo, cuidados preventivos têm sempre um custo elevado e, mesmo em atividades de alto risco, como a mineração, só ocorrem por imposição de normas legais claras e diante de uma cobrança permanente por parte de quem, no poder público, é responsável pela fiscalização. Essa é uma questão central, levando em conta que, no país, os organismos ambientais são em sua maioria de faz de conta, devido às carências de recursos humanos e de infraestrutura.
O desastre em Mariana serviu de alerta para o mundo. O recado precisa ser ouvido também no Brasil, que não pode continuar tão vulnerável nessa área.