Cada vez menos sem sentido, numa época em que a internet facilita contatos antes só possíveis pessoalmente, as viagens oficiais de parlamentares sob pretextos diversos não têm mais como ser toleradas. O exemplo mais recente desse tipo de aberração bancado com dinheiro do contribuinte é o tour de 10 dias do deputado Mário Jardel (PSD) e de seu assessor à Europa, para visitar instituições ligadas ao futebol, entre outras. O procedimento pode até ser considerado legal e rotineiro, a ponto de contar com chancela da mesa diretora da Assembleia Legislativa, mas causa perplexidade numa época em que a falência do setor público não permite mais qualquer extravagância financeira.
No caso das Câmaras Municipais, nem mesmo as constantes denúncias de gastos com passagens e diárias associadas a uma programação de supostos cursos destinados a vereadores têm sido suficientes para barrar essas práticas. Nesse e em outros poderes de todas as instâncias da federação, seguem como rotina as viagens bancadas com dinheiro público que, embora disfarçadas de oficiais, são meramente turísticas. O dinheiro carreado para bancar esses gastos, normalmente, é o que falta para atender às demandas dos cidadãos, em áreas como saúde, educação, segurança e infraestrutura.
Num Estado em crise, sem recursos sequer para pagar o 13º dos servidores do Executivo, viagens despropositadas, custeadas com dinheiro dos contribuintes, soam como deboche. Diante de abusos, cabe aos cidadãos responsáveis pela eleição de parlamentares esbanjadores pressionar pelo fim dessa farra.