Editorial diz que os brasileiros têm instrumentos para corrigir as deformações da política. Você concorda? Clique aqui Leia outros textos de Opinião
Zerohora.com adianta o editorial que os jornais da RBS publicarão no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Participações enviadas até as 18h de sexta-feira serão selecionadas para publicação na edição impressa.
A crise econômica potencializa a crise política e aumenta a descrença dos cidadãos nos seus representantes, levando algumas pessoas a formularem generalizações insensatas ("todos os políticos são corruptos") e até a defenderem soluções antidemocráticas ("Forças Armadas no poder"). Essas manifestações são compreensíveis no atual momento do país e até legítimas, se considerarmos que vivemos numa democracia e desfrutamos ampla liberdade de expressão. Mas podem e devem ser questionadas no contexto de um debate saudável sobre os rumos do país.
Os brasileiros optaram inequivocamente pela democracia, pelo sistema presidencialista e pela representatividade parlamentar. Se um ou mais desses preceitos estão sendo desvirtuados, cabe corrigi-los - e não substituí-los por alternativas simplistas que já foram tentadas antes e só trouxeram danos para a nação.
Temos problemas visíveis. O chamado presidencialismo de coalizão, como está sendo praticado no país, é uma deformação condenável. Não se pode aceitar como normais e morais o loteamento desenfreado da administração pública, a troca de cargos por apoio político, a entrega de ministérios para pessoas despreparadas e o acumpliciamento de homens públicos com a corrupção, misturando o Estado e o privado. Essa evidente deformação, somada a mazelas históricas como altos salários, uso particular de patrimônio público e gastos indevidos, faz com que o cidadão se sinta traído pelos políticos que elegeu para representá-lo e também com que o contribuinte se sinta extorquido pelo poder público.
Mas política não é só isso. Essa atividade também é exercida por homens e mulheres decentes, comprometidos com o interesse público e com o desenvolvimento do país. E a democracia representativa ainda é o melhor sistema de proteção dos direitos dos cidadãos que se conhece, pois permite que fiscalizem seus representantes, garante-lhes liberdade de expressão e de manifestação e assegura o funcionamento pleno de instituições criadas para promover o bem comum. Se fizermos bom uso dessas prerrogativas em vez de nos deixarmos abater pelo derrotismo, estaremos contribuindo efetivamente para a construção de um país mais digno e mais justo.