Os argentinos vão às urnas neste final de semana para, acima de tudo, julgar o governo de Cristina Kirchner e o projeto de centro-esquerda que já dura 12 anos. Embora o candidato oficial apareça como favorito nas pesquisas, a situação do país vizinho é marcada por inflação elevada, estagnação econômica e pobreza. A estratégia populista do atual governo e as mentiras oficiais sobre a situação da economia, porém, confundiram a disputa entre os candidatos e podem ter um peso significativo no resultado da eleição.
O próprio favoritismo dos aliados dos Kirchner - primeiro Néstor, depois a atual presidente - contribuiu para que o debate eleitoral tenha sido polarizado, mas morno, sem grandes contribuições de alternativas para o país sair da crise. A inflação anual, que as estatísticas oficiais mantêm em 15%, já equivaleria na prática a quase o dobro. A redução da pobreza, apontada como um dos principais trunfos do governo, sequer pode ser quantificada hoje. Até mesmo o índice oficial deixou de ser calculado sob a alegação de que os cidadãos não podem ser estigmatizados.
Desfavorecida na disputa, a própria oposição partiu para um discurso mais populista, deixando em segundo plano o debate sobre bandeiras que poderiam contribuir para atenuar as dificuldades no país vizinho. No vale-tudo pela disputa de poder, o futuro ocupante da Casa Rosada precisará adequar para os eleitores o otimismo do discurso de campanha à real situação do país. É a repetição do que, infelizmente, vai se tornando comum em outros países da região.