O eleitor reclama com frequência que os políticos descumprem as promessas de campanha. É assim eleição após eleição. Quem é o culpado? O eleitor ou o eleito? Eu diria que os dois. Nossos políticos estão mal acostumados, não precisam se preparar para a campanha.
Os candidatos a cargos no Executivo chegam sem ter domínio da realidade das finanças públicas, dos compromissos e dos projetos em andamento. O discurso fica superficial, em ideais básicas, sem a certeza de exequibilidade. O resultado: quando chegam ao governo, não conseguem cumprir as promessas. Normalmente, justificam que a realidade financeira é pior do que imaginavam.
O eleitor é culpado, porque não dá valor ao conteúdo. Fica na forma, na emoção, e espera um salvador. Com orçamentos apertados, os governos sempre são muito parecidos. Um puxa mais para cá e o outro para lá. Não tem milagre. O dinheiro não dá em árvore. O orçamento sempre será inferior às demandas.
As campanhas ficam centradas no "você fez aquilo" ou "ele deixou de fazer aquilo". O debate ideológico foca em temas sempre polêmicos como pedágios e privatizações. Esquece o mais importante, o dinheiro. O eleitor vira um torcedor que não quer saber do esquema tático e do grupo de jogadores, já que prefere sonhar com o improvável.
Quem está no poder tem a vantagem de conhecer os números, mas só mostra o que interessa na campanha para a reeleição. Não pode assustar o eleitor e perder votos. E assim vai a política.
É por isso que o governador José Ivo Sartori se diz surpreendido com as finanças públicas e quer nos fazer pagar mais impostos para cobrir o rombo. Por essas e outras que a presidente Dilma Rousseff cortou gastos públicos, jogou no colo do consumidor o custo extra da energia elétrica e aumentou impostos em 2015. Nada dito na campanha. O tempo de eleições é bem melhor. O eleitor pensa que vive ou viverá num lugar diferente.