Por Rodrigo Lopes, jornalista e membro do Conselho Editorial da RBS
Para um jornalista, a maior dificuldade de cobrir uma conferência da ONU sobre o clima, como a COP28, de Dubai, em 2023, é dar conta do gigantismo do evento: há, claro, o debate geopolítico, em que titãs põem seus interesses à mesa sobre o futuro do planeta. Existe também a necessidade de cobrir as agendas federal, estadual e municipal. São, ainda, centenas as maravilhas tecnológicas em prol do futuro com menos carbono.
Para nós, da RBS, interessam, sobretudo, os temas de impacto regional: a preservação do bioma Pampa, a mitigação de problemas como as estiagens que impactam o agronegócio, a prevenção e as resposta às tempestades e o que cada um de nós pode fazer para melhorar o ambiente.
Historicamente, as COPs são palco de discursos vívidos, mas com pouca efetividade, de ações espetaculares de ambientalistas, sem adesão de setores como indústria e agronegócio, em geral demonizados. Isso vem mudando. Na COP26, na Escócia, em 2021, foi formado o grupo de Koronívia, que versa sobre a atividade primária como parte da solução das emissões dos gases de efeito estufa. Também na indústria, de forma geral, não se imagina mais competitividade asilada de sustentabilidade.
Tornar interessante um assunto importante é missão de todo jornalista, e o tema ambiental é um dos tantos capazes de conectar o global ao local
O Rio Grande do Sul, berço do movimento ecológico brasileiro, é terra de expoentes do jornalismo ambiental. Mas, nos últimos anos, essa especialidade do ofício perdeu relevância na imprensa profissional, ficando relegada a veículos de nicho. Nas grandes redações, pautas sobre ambiente, muitas vezes, são encaradas como “chatas” – ou acredita-se que são entendidas como tal pela audiência.
A realidade factual impõe que esse não pode ser o entendimento. Tornar interessante um assunto importante é missão de todo jornalista, e o tema ambiental é um dos tantos capazes de conectar o global ao local. Assim como a indústria e o agronegócio, nós, jornalistas, também precisamos dobrar essa esquina da História.
O Grupo RBS está comprometido em aprofundar este debate, fundamental para as próximas gerações, evidenciando, no dia a dia, os impactos das alterações climáticas, cobrando responsabilidades, mas também propondo soluções. E, sobretudo, permanecendo junto ao nosso público nos momentos mais difíceis. Sempre respaldado pela ciência.