Os serviços alemães de inteligência interna classificaram, nesta sexta-feira (2), o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar nas últimas eleições legislativas, como um movimento "extremista de direita demonstrado", e a formação denunciou um "golpe duro para a democracia".
Ao classificá-lo como "extremista", as autoridades podem submeter o partido à alta vigilância.
A ideologia da AfD, que "desvaloriza grupos inteiros da população na Alemanha e atenta contra sua dignidade humana", não é "compatível com a ordem democrática fundamental", considerou o Escritório de Proteção da Constituição em um comunicado.
Pouco depois, os líderes da formação Alice Weidel e Tino Chrupalla denunciaram em um comunicado um "golpe duro para a democracia alemã", e afirmaram que o partido "continuará se defendendo juridicamente contra essas difamações perigosas para a democracia".
Nas eleições legislativas de 23 de fevereiro, a AfD registrou um avanço histórico e duplicou seu resultado anterior, ao terminar com mais de 20% dos votos.
Desde então, o partido, fundado em 2013, superou, até mesmo, em algumas pesquisas os democratas-cristãos da CDU, a formação conservadora de Friedrich Merz, que será empossado como chanceler na próxima terça-feira.
O Escritório de Proteção da Constituição não apontou quais consequências concretas terá essa qualificação, mas a medida concede às autoridades importantes meios de vigilância e de controle, inclusive das comunicações privadas.
O anúncio também pode voltar a impulsionar o debate sobre uma eventual ilegalização da formação.
Os serviços de inteligência alemães já haviam classificado como "extremista" as juventudes da AfD e vários ramos regionais do partido, radicadas em territórios da outrora Alemanha Oriental.
Em seu comunicado, o escritório destaca a "atitude globalmente hostil contra os migrantes e os muçulmanos" por parte do partido ultradireitista.
"A agitação contínua contra os refugiados ou os migrantes favorece a propagação e o aprofundamento dos preconceitos, do ressentimento e do medo para esse grupo de pessoas", aponta.
* AFP