Os social-democratas da Islândia superaram o partido da Independência do primeiro-ministro Bjarni Benediktsson nas eleições legislativas antecipadas, convocadas após o rompimento da aliança governamental de centro-direita, anunciou a emissora pública RUV neste domingo (1ª).
Diante da inflação persistente e dos juros elevados, poder aquisitivo, habitação e saúde constituíam as principais preocupações dos 268 mil eleitores, segundo as pesquisas.
A Aliança Social-Democrata, liderada por Kristrun Frostadottir, obteve 20,8% dos votos no pleito realizado neste sábado, enquanto o partido conservador do primeiro-ministro, que governava até agora em coalizão, ficou com 19,4%. Em terceiro lugar está o Reforma Liberal, com 15,8% dos votos, segundo a RUV.
Nas últimas eleições, a Aliança Social-Democrata obteve cerca de 10% dos votos.
"Constatamos que as pessoas querem ver mudanças no panorama político", disse à AFP Kristrun Frostadottir na noite de sábado, quando os primeiros resultados começaram a ser divulgados.
Desde a crise financeira de 2008, que atingiu com força os bancos islandeses, sobre-endividados, poucos partidos saem ilesos de sua passagem pelo poder na Islândia.
"Nos últimos 15 anos, os eleitores islandeses têm sido extremamente críticos com seus governos e votaram contra a situação em todas as eleições, com a exceção de uma", lembrou Olafur Hardarson, professor de Ciência Política na Universidade da Islândia.
O primeiro-ministro demissionário, Bjarni Benediktsson, anunciou em meados de outubro a renúncia de seu gabinete, composto por seu partido, pelo movimento Esquerda-Verdes e pelo Partido do Progresso (centro-direita), devido a discrepâncias em temas como política externa, política energética e imigração.
Com 2,3% dos votos, o movimento Esquerda-Verdes não conseguiu superar o limite necessário de 5% para se obter uma cadeira no Parlamento. O Partido do Progresso também perdeu votos em comparação com o pleito de 2021, passando de 17,3% para 7,8%.
Dado que na Islândia não existe uma cultura de governo minoritário, os partidos devem formar uma coalizão para governar, indicou Eirikur Bergmann, professor de Política na Universidade de Bifrost.
* AFP