A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos rejeitou, nesta quinta-feira (19), um novo plano de financiamento apresentado pelos republicanos para evitar a paralisação do governo antes da meia-noite de sexta-feira, quando o prazo será encerrado.
Os congressistas republicanos, que têm maioria na Câmara, submeteram à votação uma nova proposta de lei depois que o presidente eleito, Donald Trump, e seu assessor Elon Musk rejeitaram um acordo prévio negociado com os democratas, que evitaria o "shutdown" pouco antes do Natal.
O futuro presidente deu luz verde a esse novo texto, classificando-o nas redes sociais como "um acordo muito bom para o povo americano".
Os Estados Unidos precisam renovar regularmente o chamado teto da dívida, que é sua capacidade máxima de endividamento, limitado legalmente e que só pode ser elevado ou suspendido formalmente pelo Congresso.
— A proposta não é séria. É risível. (...) Os republicanos extremistas do MAGA (Make America Great Again) estão nos levando à paralisação do governo — disse, por sua vez, o líder da minoria democrata no Congresso Hakeem Jeffries, antes da votação.
São necessários dois terços dos votos para aprovar a proposta, mas ela não obteve nem sequer a maioria simples, com 38 republicanos se juntando ao "não" dos democratas.
O passo a seguir para o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, é incerto, pois, de um lado, está sob pressão dos democratas para voltar ao acordo negociado anteriormente, e do outro, seus correligionários rejeitam em bloco qualquer texto que não contenha cortes de gastos para compensar as novas ajudas.
Efeitos do shutdown
A paralisação do governo implicaria fechar todo tipo de agências federais e, potencialmente, enviar quase um milhão de trabalhadores para casa sem salários durante o Natal.
A probabilidade aumentou quando Trump rejeitou o projeto de lei negociado por republicanos e democratas, ao considerá-lo "ridículo e extraordinariamente oneroso".
Trump exigiu que o projeto de lei aumentasse ou até mesmo eliminasse o teto de endividamento do país, ou levasse o prazo do teto da dívida até janeiro de 2027.
Por sua vez, Musk, um importante doador de campanha e seu aliado ferrenho, dedicou-se nesta quarta a bombardear seus 208 milhões de seguidores na rede social X com publicações criticando o acordo anterior.
Embora seja uma disputa habitual a cada ano, para a qual foram necessários meses de negociações, os legisladores não conseguiram entrar em acordo desta vez sobre o orçamento anual de 2025.
As propostas
A versão bipartidária apresentada antes mantinha o funcionamento do Estado até meados de março. O novo texto mantém as agências federais em funcionamento até meados de março, disse Trump, mas permite ao governo continuar aumentando a dívida, sem passar pelo Congresso, durante dois anos. Além disso, destina US$ 110 bilhões (R$ 680 bilhões, na cotação atual) em ajuda para catástrofes naturais.
As discussões sobre elevações no teto de endividamento federal normalmente levam semanas. Os democratas, que controlam o Senado, têm poucos incentivos políticos para ajudar os republicanos e insistem em que só vão votar pelo pacote acordado previamente.
A Casa Branca também se pronunciou contra o novo texto antes da votação.
"Os republicanos seguem ordens de seus doadores multimilionários, às custas dos trabalhadores americanos que trabalham duro", disse em comunicado a porta-voz do presidente Biden, Karine Jean-Pierre.