A Rússia lançou nesta quinta-feira (21) um míssil balístico intercontinental na Ucrânia pela primeira vez, anunciou o exército ucraniano, no ato mais recente de escalada do conflito desde que Kiev lançou mísseis de longo alcance fornecidos pelas potências ocidentais contra o território russo.
"Um míssil balístico intercontinental foi disparado da região russa de Astrakhan em um ataque contra a cidade de Dnipro, no centro-leste da Ucrânia", informou a Força Aérea em um comunicado. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, míssil carregava seis ogivas convencionais.
Esta é a primeira vez que Moscou usa esse tipo de arma desde o início da invasão da Ucrânia, em 2022, confirmou uma fonte militar à AFP. O Kremlin se recusou a comentar a acusação.
Sem ogiva nuclear
De acordo com uma fonte da Força Aérea ucraniana, o míssil balístico intercontinental lançado pela Rússia não transportava uma ogiva nuclear.
A fonte militar ucraniana afirmou que é "óbvio" que a arma utilizada pela primeira vez contra a Ucrânia não continha uma carga nuclear.
Resposta russa
O governo russo disse nesta quinta-feira que a Rússia fará "o máximo de esforços" para evitar uma guerra nuclear.
— Nós enfatizamos que, seguindo nossa doutrina, a Rússia assume uma posição responsável para fazer o máximo de esforços para não permitir tal conflito — disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, enfatizando que espera que "outros países" mantenham "essa posição responsável".
Mísseis de longo alcance
Na terça-feira (19) a Ucrânia disparou pela primeira mísseis americanos de longo alcance contra a Rússia, que prometeu responder e intensificou a ameaça nuclear.
Um alto funcionário em Kiev confirmou à AFP que o exército ucraniano bombardeou a região fronteiriça russa de Briansk com mísseis ATACMS, de longo alcance, fabricados nos Estados Unidos, depois de a Rússia denunciar o ataque.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que o ataque abre uma "nova fase na guerra do Ocidente contra a Rússia".
— Reagiremos de acordo — acrescentou Lavrov, em declarações no Rio de Janeiro, onde participou da cúpula do G20.
O governo do presidente Joe Biden autorizou, na semana passada, que a Ucrânia atacasse a Rússia com mísseis americanos de longo alcance, em uma mudança estratégica a poucas semanas da posse de Donald Trump.
O presidente russo, Vladimir Putin, não se referiu diretamente a esta nova situação, mas assinou, na terça-feira, decreto que amplia as possibilidades nas quais seu país poderia recorrer ao uso de armas nucleares.