Nesta terça-feira (19), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou o decreto que amplia as possibilidades de uso de armas nucleares, depois que os Estados Unidos autorizaram a Ucrânia a atacar o território russo com seus mísseis de longo alcance.
Putin alertou em setembro que seu país poderia utilizar armas nucleares em caso de bombardeios aéreos em larga escala contra a Rússia, e que qualquer ataque de um país sem armas atômicas, como a Ucrânia, mas apoiado por uma potência nuclear, como os Estados Unidos, poderia ser considerado uma agressão "conjunta" suscetível de exigir tal medida.
O governo russo afirmou que ampliar o âmbito de uso das armas nucleares na Rússia é uma resposta "necessária" diante do que Putin considera "ameaças" do Ocidente à segurança do país.
— Era necessário adaptar nossos fundamentos à situação atual — declarou o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov.
Autorização dos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a usar mísseis americanos de longo alcance contra alvos militares dentro da Rússia, declarou à AFP um funcionário sob condição de anonimato.
Os jornais The New York Times e The Washington Post já haviam informado anteriormente, citando fontes anônimas, que essa decisão de Washington é uma resposta ao envio de tropas pela Coreia do Norte para apoiar Moscou no campo de batalha.
O funcionário americano confirmou a veracidade dessas informações. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, tem pressionado constantemente Washington para permitir o uso do poderoso Sistema de Mísseis Táticos do Exército, conhecido pela sigla em inglês ATACMS, para atacar alvos dentro do território russo.
Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, já havia alertado que tal aprovação significaria que a Otan estaria "em guerra" com a Rússia, uma ameaça feita anteriormente quando os aliados da Ucrânia intensificaram sua assistência militar a Kiev.
A mudança de postura do governo de Biden foi motivada pela chegada de tropas norte-coreanas à Rússia. Relatórios de inteligência ocidentais sugerem o envio de cerca de 10 mil efetivos.