As eleições presidenciais nos Estados Unidos tradicionalmente ocorrem na primeira terça-feira de novembro. Em 2024, será no dia 5. Concorrerão ao pleito a atual vice-presidente, Kamala Harris (Partido Democrata), e o ex-presidente e empresário Donald Trump (Partido Republicano).
O sistema de eleição presidencial nos Estados Unidos difere do utilizado no Brasil e em outros países. Como a definição é indireta, por meio de delegados que representam os estados, não é suficiente conquistar a maioria dos votos diretos dos eleitores. Em 2016, por exemplo, Hillary Clinton teve mais votos, mas não foi eleita, e Trump se tornou presidente por ter mais delegados a seu lado.
A eleição por lá também se distingue da brasileira porque o voto nos Estados Unidos não é obrigatório. Entenda abaixo como o sistema funciona.
Como funcionam as eleições nos EUA
Primárias
O sistema de consulta pública adotado pelos Estados Unidos permite que os eleitores participem desde o início na definição de quem disputará o controle da Casa Branca. As prévias, também conhecidas como primárias, representam a fase inicial das eleições dos EUA, quando são escolhidos os concorrentes à presidência. O processo, assim como a eleição geral, segue regras específicas por Estado.
Os caucus são assembleias em etapas, em que os eleitores indicam preferência ao se posicionar em um determinado espaço de uma sala, e podem tentar convencer os demais a acompanhá-los. As primárias são votações com cédulas em urnas, semelhantes à eleição geral.
Delegados
Outro fator que difere a eleição norte-americana da brasileira e torna mais complexo o sistema norte-americano é a existência dos delegados. São, ao todo, 538. A maioria é de congressistas, funcionários e ocupantes de cargos locais dos partidos, mas seus nomes não aparecem nas cédulas de votação e, na sua imensa maioria, são desconhecidos da opinião pública.
Eleições gerais dos EUA
Nos Estados Unidos, a eleição do presidente ocorre por sufrágio universal indireto, utilizando um sistema peculiar. Os cidadãos designam os 538 delegados para compor o Colégio Eleitoral, que votarão posteriormente em um dos dois candidatos.
Para vencer as eleições, um candidato deve obter a maioria absoluta dos votos colegiados, ou seja, 270. A quantidade de delegados por Estado é definida pelo tamanho da população, mas nenhum tem menos de três representantes. A Califórnia, o Estado mais populoso do país, é o maior detentor de votos, 54, enquanto Delaware, Wyoming e a capital, Washington, possuem, cada um, apenas três.
Na maior parte dos estados, o candidato vencedor "leva tudo", podendo indicar todos os delegados ao Colégio Eleitoral. As exceções são o Nebraska e o Maine, onde os delegados são atribuídos por representação proporcional. Por causa deste sistema indireto, é possível que o candidato não tenha a preferência da maioria dos eleitores, mas seja eleito por maioria de delegados. Por exemplo, o candidato que conquistar 28 dos delegados da Califórnia, por exemplo, leva todos os 54 para o Colégio Eleitoral.
O sistema foi estabelecido precisamente para conferir maior peso na decisão aos estados mais populosos. Por isso Califórnia, Flórida e Texas, por exemplo, são mais visados pelos concorrentes, já que, juntos, detêm 133 delegados, quase 25% do total.
Polêmica
Donald Trump obteve 306 votos dos delegados em novembro de 2016. Milhões de americanos pediram que o republicano fosse rejeitado, mas apenas dois delegados do Texas decidiram não votar nele. O magnata terminou com 304 votos no total.
Não era a primeira vez que algo assim ocorria. No total, cinco presidentes americanos perderam no voto popular, mas venceram as eleições.
John Quincy Adams foi o primeiro, em 1824, contra Andrew Jackson.
As eleições de 2000 resultaram em um emaranhado na Flórida entre George W. Bush e o democrata Al Gore. Este último obteve mais votos no país, mas o republicano conseguiu 271 votos no Colégio Eleitoral.
Estados-pêndulo
Alguns Estados são historicamente democratas e outros republicanos. Isso explica a habitual concentração dos candidatos em cerca de 10 Estados que, normalmente, variam entre um partido e outro e, por isso, influenciam no resultado eleitoral — os famosos Estados-pêndulo ("swing states").
Os mais importantes são aqueles com maior número de votos colegiados, como Pensilvânia (19), Ohio (17) e Geórgia (16). Wisconsin, Arizona e Nevada também despertam interesse. Os Estados-pêndulo podem variar de acordo com as eleições.
Veja o número de delegados por Estado nos EUA
- Alabama — 9 votos
- Alaska — 3 votos
- Arizona — 11 votos
- Arkansas — 6 votos
- Califórnia — 54 votos
- Carolina do Norte — 16 votos
- Carolina do Sul — 9 votos
- Colorado — 10 votos
- Connecticut — 7 votos
- Dakota do Norte — 3 votos
- Dakota — 3 votos
- Delaware — 3 votos
- Distrito de Columbia — 3 votos
- Flórida — 30 votos
- Geórgia do Sul — 16 votos
- Havaí — 4 votos
- Idaho — 4 votos
- Illinois — 19 votos
- Indiana — 11 votos
- Iowa — 6 votos
- Kansas — 6 votos
- Kentucky — 8 votos
- Louisiana — 8 votos
- Maine — 4 votos
- Maryland — 10 votos
- Massachusetts — 11 votos
- Michigan — 15 votos
- Minnesota — 10 votos
- Mississippi — 6 votos
- Missouri — 10 votos
- Montana — 4 votos
- Nebraska — 5 votos
- Nevada — 6 votos
- New Hampshire — 4 votos
- Nova Jersey — 14 votos
- Novo México — 5 votos
- Nova York — 28 votos
- Ohio — 17 votos
- Oklahoma — 7 votos
- Oregon — 8 votos
- Pensilvânia — 19 votos
- Rhode Island — 4 votos
- Tennessee — 11 votos
- Texas — 40 votos
- Utah — 6 votos
- Vermont — 3 votos
- Virginia — 13 votos
- Washington — 12 votos
- West Virginia — 4 votos
- Wisconsin — 10 votos
- Wyoming — 3 votos