Milhares de pessoas se despediram de Alberto Fujimori nesta quinta-feira (12), em Lima, entre lágrimas e agradecimentos ao ex-presidente peruano que derrotou a guerrilha maoísta, em uma luta que resultou em violações de direitos humanos pelas quais o ex-mandatário foi condenado à prisão.
— Foi um herói da paz, ninguém dava um sol (moeda do Peru) por este país — disse à agência de notícias AFP Ana María Gando, uma aposentada de 75 anos, após esperar duas horas para ver o corpo de Fujimori na sede do Ministério da Cultura, anteriormente conhecido como Museu da Nação.
O ex-presidente, que morreu na quarta-feira (11), aos 86 anos, devido a um câncer de língua, recebe uma infinidade de homenagens em meio ao luto de três dias decretado pelo governo.
Muitos seguidores se aproximaram com fotografias, flores e com a imagem de Fujimori estampada em camisetas até o local do velório, que prosseguirá até sábado (14).
Uma longa fila se estendia pelos arredores do local.
— É o melhor presidente que a história do Peru já teve. Nos deu paz e criou as bases para que esta economia crescesse. O Peru será eternamente grato a ele — afirmou Olinda Chen, uma administradora de 43 anos.
Em seu mandato (1990-2000), Fujimori conseguiu derrotar o grupo Sendero Luminoso, cujos líderes foram capturados. Ele também é reconhecido por controlar a hiperinflação, que chegou a 7.000%, através de medidas neoliberais.
O conflito interno ou a "guerra contra o terrorismo" — como foi oficialmente denominado — deixou mais de 69 mil mortos e 21 mil desaparecidos no período de 1980-2000, a grande maioria civis, segundo uma comissão da verdade.
Até o fim de seus dias e apesar da saúde deteriorada, Fujimori esteve presente na opinião pública, tanto pelos problemas com a Justiça quanto pela influência de suas ideias em um importante segmento da sociedade peruana.
Em julho passado, Keiko, filha do ex-presidente, havia insinuado que seu pai seria candidato nas eleições gerais de 2026, após ter recuperado a liberdade em dezembro.
Alberto Fujimori foi libertado devido a um indulto humanitário enquanto cumpria pena de 25 anos por crimes contra a humanidade cometidos durante seu combate aos grupos armados de extrema esquerda.
O ex-presidente peruano passou 16 anos preso e sempre alegou inocência.