Yulia Voloshina se abrigou no metrô de Kiev nesta segunda-feira (26) após as sirenes antiaéreas soarem em toda a Ucrânia, alertando aos moradores da capital sobre uma nova campanha de bombardeios russos.
— Quando há explosões, sempre fico tremendo, sinto medo e ansiedade. Sinto que meu coração bate mais rápido. É bem difícil viver isso — contou a advogada de 34 anos.
Os bombardeios russos recentes mataram pelo menos quatro pessoas em todo o país e atingiram a capital enquanto muitos se dirigiam ao trabalho.
Após mais de dois anos e meio desde que a Rússia iniciou sua invasão neste país, ucranianos como Voloshina buscam o equilíbrio entre seguir suas vidas e se proteger de ataques potencialmente mortais.
O Ministério russo de Defesa declarou ter realizado bombardeios "maciços" contra as instalações energéticas na Ucrânia e que havia atingido "todos os alvos".
Os moradores da capital muitas vezes ignoram os alarmes, que já fazem parte do cotidiano, mas nesta segunda-feira muitos correram para se proteger quando ouviram o som das explosões, algo mais incomum.
Pelo menos 100 pessoas se concentraram na estação de metrô Khreshchatik, no centro da cidade, à espera de um aviso das autoridades para que pudessem retornar às ruas.
Alguns pegaram seus laptops e começaram a trabalhar nas plataformas, enquanto um grupo de estudantes se sentou em círculo em pequenas cadeiras fornecidas pelos funcionários do metrô, compartilhando lanches.
Anna Bublik conta que, de alguma forma, se acostumou à guerra.
— Quando você ouve uma explosão, se sente um pouco desconfortável, mas se você se preocupa o tempo todo... quero dizer, já ouvimos essas explosões há três anos — explicou a mulher de 23 anos.
Habituados "ao medo"
Svitlana Kharchenko, de 51 anos, contava para outra mulher que acabara de conhecer que chegou à estação por volta das 6h30min (00h30min em Brasília), pouco depois das sirenes começarem a soar.
— Todo mundo aqui sente dor (...) O que é perturbador é que você parece se acostumar ao medo — acrescentou.
Kharchenko é natural de Donetsk, no leste da Ucrânia, uma das regiões que Moscou afirma ter anexado.
— Ninguém teria pensado que a Rússia, que já foi nossa irmã, nos causaria tanta dor — afirmou emocionada.
A Rússia concentrou seus esforços em Donetsk, apesar da incursão ucraniana na região russa de Kursk.
Já Voloshina disse estar preocupada com o irmão, que luta no leste do país.
— Estou preocupada por minha família, amigos, por toda a Ucrânia, nossos defensores... Estamos sempre preocupados, estamos quase há três anos sob tensão — declarou.