Kamala Harris aceitou formalmente, nesta quinta-feira (22), a nomeação do Partido Democrata para ser candidata à presidência dos Estados Unidos. A declaração foi feita em discurso na convenção da legenda, no qual falou sobre temas como mulheres, migração e guerra na Faixa de Gaza, assim como fez críticas a Donald Trump.
— Em nome do povo, de cada estadunidense, não importa o partido, raça, gênero ou língua que sua avó fala (...), eu aceito a nomeação — declarou, prometendo guiar o país "por um novo caminho".
Ela reforçou ainda que, se eleita, será uma presidente que "guia e escuta".
Durante o discurso no último dia da Convenção Nacional Democrata, em Chicago, a candidata agradeceu ao apoio do presidente do país, Joe Biden, de quem é vice atualmente.
— O caminho que me trouxe aqui foi, sem dúvida, inesperado — disse Harris diante dos mais de 5 mil delegados do partido que a nomearam — Mas as jornadas improváveis não são estranhas para mim.
Mulheres
Na fala, a democrata homenageou os próprios pais como forças inspiradoras que marcaram sua trajetória e falou sobre as origens na Califórnia, como filha de imigrantes (seu pai é jamaicano e sua mãe era indiana).
De acordo com o portal g1, a candidata lembrou também sobre uma amiga de escola chamada Wanda, que era vítima de abuso sexual. Harris contou que convidou a amiga para morar com ela. A proteção das mulheres, especialmente dos direitos reprodutivos, é um dos temas da campanha de Harris.
— Essa é uma das razões pelas quais me tornei promotora. Para proteger pessoas como Wanda. Acho que todos têm o direito à segurança, dignidade e justiça — destacou.
Entre as promessas, defendeu cortes nos impostos para a classe média e aumento nas taxas para grandes corporações e bilionários. Prometeu também tornar a compra de imóveis mais acessível e diminuir o preço de alimentos e remédios.
Críticas a Trump
Harris acusou seu rival republicano, o ex-presidente Donald Trump, de querer "fazer retroceder" os Estados Unidos.
Segundo o g1, ela relembrou o ataque ao Capitólio, em 2021, e mencionou condenações do ex-presidente na Justiça.
— Donald Trump, em muitos aspectos, não é um homem sério. (...) As consequências (...) de colocar Donald Trump de volta na Casa Branca são extremamente sérias.
Em um tom ancorado na unidade nacional, Harris abordou questões como migração e política internacional americana.
— Não serei amigável com tiranos e ditadores como Kim Jong-un, que estão ansiosos para que Trump ganhe — disse.
Ela defendeu uma reforma no "fraturado sistema migratório" do país:
— Esta é a minha promessa para vocês: como presidente, vou trazer de volta a lei bipartidária para a segurança da fronteira. (...) Sei que podemos levar com orgulho nossa herança como uma nação de imigrantes. (...) Podemos criar um caminho para a cidadania e proteger nossa fronteira.
Nesta quinta-feira (22), Trump esteve no Arizona, visitando a fronteira com o México para reforçar sua plataforma centrada em políticas anti-migratórias.
Faixa de Gaza
Na convenção democrata, nesta quinta, Harris afirmou que se manterá "firme junto à Ucrânia" e aos aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Sobre o conflito na Faixa de Gaza, defendeu o direito de liberdade e segurança dos palestinos, assim como apoiou o direito de Israel de se defender. Disse que trabalha com Biden para "conseguir um acordo sobre os reféns e um cessar-fogo".
— Sempre apoiarei o direito de Israel a sua defesa. (...) Ao mesmo tempo, o que aconteceu em Gaza nestes 10 meses é devastador. Muitas vidas perdidas (...). A escala de sofrimento parte o coração.
Do lado de fora do evento, manifestantes pró-Palestina protestaram pedindo cessar-fogo.
Convenção Nacional Democrata
A candidata democrata teve seu grande momento no palco da convenção após pesos pesados e vozes emergentes do partido se sucederam no United Center, em Chicago, para dizer ao país que ela é a escolha certa.
— É a honra da minha vida aceitar a nomeação para vice-presidente dos Estados Unidos — disse Tim Walz em um breve mas caloroso discurso na quarta-feira (21).
Embora os rumores tenham ganhado as redes sociais, a cantora Beyoncé, que cedeu a música Freedom para a campanha de Harris, não esteve presente na convenção. Quem participou foi a cantora Pink, que interpretou uma versão minimalista de seu sucesso What About Us, enquanto o trio texano The Chicks entonou à capela o hino dos Estados Unidos